Na última quinta-feira, Natal viveu um momento especial com a estreia do Arte Moda Potiguar, que aconteceu no Olimpo Recepções. O evento, em sua primeira edição, teve como proposta lançar um olhar generoso e potente sobre o que está sendo criado em solo potiguar. Mais do que desfiles, o projeto é uma iniciativa para valorizar a arte, a moda e o design produzidos por estilistas e empreendedores do Rio Grande do Norte, aproximando o público local dessas criações que costuram memória, identidade e inovação.

Arte Moda Potiguar

  Entre os nomes que marcaram presença, estava Tainan Cruz, conhecida por seu trabalho no blog Rock e Paetês. Dessa vez, no entanto, ela cruzou a passarela do outro lado — como estilista. E foi com a coleção “Potiguaras” que Tainan fez sua estreia na moda autoral, apresentando uma proposta que emocionou, intrigou e revelou o quanto nossa história pode (e deve) inspirar a criação contemporânea.

Potiguaras: um elo entre passado, presente e moda

 Para sua primeira coleção, Tainan mergulhou fundo na história do nosso estado. O nome “Potiguaras” faz referência às mulheres indígenas da tribo que habitava as margens do Rio Potengi durante o período da colonização. Foi esse nome que os portugueses usaram para se referir ao povo que aqui vivia. E é a partir dessa ancestralidade que a coleção se estrutura, trazendo à tona a força, beleza e autenticidade da mulher potiguar desde seus primórdios.

  A proposta de Tainan não se limitou apenas à estética: ela quis traduzir a identidade do nosso território em cada peça, criando uma ponte sensível entre o ontem e o agora. O resultado foi uma coleção carregada de simbolismos, com cores que nos guiam por uma viagem afetiva — do sertão à capital, da terra ao mar, da ancestralidade à mulher contemporânea.

Arte Moda Potiguar Tainan Cruz Potiguaras
Arte Moda potiguar Tainan Cruz

As cores do RN como linguagem visual

  A paleta de cores da coleção foi um dos grandes destaques. Cada tom foi escolhido com propósito, evocando elementos marcantes da natureza e da cultura potiguar:
  • Branco: dominante e abundante, representa o sal das salinas da costa norte;
  • Verde: faz alusão à mata atlântica que resiste no litoral do estado;
  • Amarelo: irradia a energia do sol forte que nos acompanha todos os dias;
  • Azul: convida ao mergulho nas águas das nossas praias;
  • Vermelho: é a cor do camarão — símbolo que dá nome ao povo Potiguar (do tupi, “comedor de camarão”).

  Essa combinação cromática não só criou peças visualmente impactantes, como também serviu como ferramenta narrativa para contar a história e o espírito da mulher norte-rio-grandense.

  A coleção Potiguaras é mais do que uma estreia. É uma declaração. Tainan Cruz mostrou que, sim, a moda feita no RN tem personalidade, tem raiz e tem futuro. Em sua passarela, não vimos apenas roupas, mas um manifesto sobre pertencimento, ancestralidade e identidade cultural.

 Ver Tainan estrear com tanto propósito e potência foi inspirador. E, claro, como boa admiradora de moda com alma, já tenho meus favoritos: os dois últimos looks foram de arrepiar — encerrando o desfile com a força de quem sabe de onde vem e onde quer chegar.

Arte moda potiguar Tainan Cruz

Que venham os próximos capítulos. Que a moda potiguar floresça, firme e forte como as mulheres que a inspiram.